O que você quer ser quando crescer?

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02 fevereiro 2016



  Achei! Finalmente encontrei o livro “O Menino no Espelho”, escondido embaixo da cama. O que não fazemos para "guardar" as coisas em casa? O espaço é pequeno e preciso ser criativa, então se quiser encontrar a minha biblioteca e sapateira é só olhar embaixo da minha cama.
Estava com saudades de ler algo no meu idioma. Ao abrir o livro, percebi que enxergava as palavras de uma maneira diferente. A minha compreensão era maior, mas o sentimento de magia era o mesmo. Uma pergunta que li nesse livro me bateu em cheio: O que você quer ser quando crescer? Vixi...a minha lista era extensa. Sempre quis fazer um pouco de tudo, não acredito que uma pessoa está propensa a estudar, formar e a fazer aquela mesma coisa pelo resto da vida. Então em uma busca mental, iniciei a minha jornada.
   Desde pequena, ao perguntarem o que queria ser, tinha embutido na minha mente que gostaria de ser cantora. Amava cantar. Fiz aulas de canto e admirava vários estilos de músicas, considerando-me uma eclética. Com o tempo e amadurecimento, tinha vergonha em admitir o que gostaria de ser. 
   Os sonhos passaram a ficar mais ambiciosos. Já não queira ser cantora e decidi ser compositora, já que amava escrever. Mais tarde mudei para escritora, mas parecia bobo demais e não era boa o bastante para impressionar. A minha jornada não parou por aí. Decidi então que queria ser advogada - confesso que foi por causa do filme “Legalmente Loira”, e por fim, me tornar enfermeira. Não funcionou e mudei de ideia. Desejei ser psicóloga, acreditava que era uma boa ouvinte e uma ótima conselheira, reconheci que não teria paciência e que psicologia vai além disso. Mudei então para “designer” de moda ou de interiores. Amava a ideia, talvez pelo falso glamour que trazia embutido no nome. Repensei. Que tal gastronomia, musicista, línguas: Chinês ou Japonês. Estaria feliz em aprender qualquer um dos dois, porque não os dois?
   Aprendi a cozinhar com a minha mãe, que modéstia à parte é uma cozinheira de mão cheia. Tive aulas de chinês que durou três meses e minha cabeça deu um nó depois que escutei as cinco entonações (mā, má, mǎ, mà, ma). Tive também aulas de piano e flauta transversal, percebi que não teria autodisciplina para ser uma profissional.
   Depois de anos decidi fazer o Curso de Jornalismo pelo meu amor a escrita. O curso foi mais difícil que imaginava. Por ser uma pessoa tímida, tive que sair todos os dias da minha zona de conforto, porém amei e aprendi muito. No decorrer do curso descobri a fotografia e o meu lado artístico gritava mais alto e decidi que entraria nesse ramo de corpo e alma.
   Dez anos após a faculdade, casada, com duas filhas e sem uma carreira, a pergunta ardia a minha mente: - O que você quer ser quando crescer? Percebi que hoje sou uma mãe e faço quase diariamente tudo da minha lista de desejos:
- Canto para elas dormirem
- Crio histórias para entretê-las
- Sou enfermeira quando adoecem.
- Advogo para educar e separar brigas.
- Psicóloga para acalmar o coração, aconselhar e educar.
- Designer de moda e interiores para arrumar a casa e também para vestir as minhas filhas numa tendência que criei com apenas um lençol e grampos.
- Cozinho todos os dias, toco instrumento para que elas tenham contato com a música, jornalista ao relatar no meu diário sobre a vida cotidiana e fotógrafa para registrar todas as etapas da vida.
   Senti um alívio e a pergunta veio novamente:
 - O que você quer ser?
Não sei, mas sou uma mãe e isso me completa.

O que eu quero ser?  O que eu quiser.
5 comentários on "O que você quer ser quando crescer?"
  1. Caramba, que texto lindo... Sabe que eu ainda não sei o que eu quero ser quando eu crescer? Acho que tenho idade mental de adolescente rsrsrs...

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  2. Amei o texto. Me identifiquei muito, pois ser mãe também me completa e, cá entre nós, o que pode haver de mais importante? Somos todos os dias um pouco de cada profissão e ainda fazemos hora extra como mágicas, top model, maquiadoras....

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  5. Adorei o texto Jenni! Confesso que não sou muito de ler blogs, mas resolvi browse through o seu e o título desse texto me chamou atenção. E era exatamente o que eu tava precisando. Ser mãe não é fácil! Mas o lado positivo que vc deu foi perfeito! Brigada pelo texto! (: (Acho que vou ler teu blog com mais frequência agora haha)

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